quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Ugali e matoke.E a nossa moqueca de galinha.





No livro" Assando bolos em Kigali", de Gaile Parkin, ela fala do ugali.É feito de farinha de milho. Eles ( os africanos) fazem umas bolas com a massa e essas bolas são passadas num molho antes de serem levadas à boca. Nas fotos que andei vendo na minha pesquisa ugali parece com o bolinho do acarajé.No livro, a personagem que narra a história diz que prepara numa panela, daí pode-se imaginar que passa por algum cozimento junto com água.Procurando mais vi que é feita uma massa como a de polenta.Quando começa a despregar da panela está no ponto.Pode-se acrescentar a esta massa pedaços de carne. Os bolinhos que não devem ser tão pequenos são mergulhados em um molho que pode ser de verduras, legumes ou carne.


Me lembrei dos bolinhos de farinha de trigo feitos por uma japonesa, a dona Ruth Harada, lá de Campinas, mãe de um amigo.Ela fazia os bolinhos ( de massa cozida) e jogava dentro do feijão.São maneiras......


Na casa dela, experimentei também dentes de alho conservados no shoyu.Muito bom.

Voltando ao ugali,vi um relato em que o milho é socado num pilão e depois levado ao fogo com água para cozinhar.Na verdade deve haver várias maneiras de se preparar este prato.Assim como aqui no Brasil fazemos angu com fubá mas podemos fazer com farinha de milho e até mesmo com milho verde ralado (aliás, uma delícia!)

O matoke é descrito como um pirão de banana. Ou purê,como quiserem. Vi receitas que lembram um cozido com bananas verdes. A banana verde amassada é cozida envolta nas folhas da bananeira e também é servida em folhas de bananeira. Há receitas de um cozido de bananas verdes com batatas, cenouras, tomates.O matoke pode ser servido com molho de vegetais, com carne ou farinha de amendoim. . Mas de tudo que andei vendo sobre isto,concluí que matoke é este purê de banana que pode ser servido de várias maneiras.

Fiquei pensando no nosso azul marinho.Banana verde cozida com peixe.No fundo, as comidas se parecem.

Quando criança, nas festas de aniversário em Caçapava-SP, serviam uma coisa deliciosa .Chamavam essa coisa deliciosa de moqueca. Mas não passava de uns bolinhos feitos de farinha de mandioca com galinha caipira desfiada,bem temperada, envoltos em folhas de bananeira e postos no forno na hora de servir. Na verdade não precisa levar ao forno porque os bolinhos são feitos a partir de um pirão bem grosso com a galinha desfiada.Entaõ já está tudo cozido. Mas, vamos lá saber o porquê desta tradição,não é? Temos que lembrar que no tempo antigo não havia pratos de papelão e até mesmo os de louça eram muito caros.E,principalmente nas festas, tinha-se que inventar uma maneira de acondicionar a comida. E o ser humano há muito que aprendeu a se virar neste planeta.

A foto da moqueca de galinha vou ficar devendo.Mas fica prometida.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Manter o cabrito vivo sem deixar a onça morrer de fome

Eu adoro estes ditados populares! Pena que durante toda a minha vida não fui anotando e reunindo tudo num caderno.Deve haver livros sobre isto.

Gosto de conversar com pessoas de todas as classes sociais.Com gente de variadas ocupações..A gente aprende muito com os ditados que elas usam..Outro dia, o jardineiro me saiu com esta frase aí de cima.Achei muito boa. .Ela resume com graça a necessidade de saber conciliar situações conflitantes na vida.

Palavras também . Outro dia , conversando com minha faxineira ela usou pelo menos duas palavras que há muito tempo não ouvia. Pelejar e a outra não me recordo.Mas pelejar é palavra muito comum em gente de Minas.Eu me lembro do Ziraldo , mineiro de Caratinga falando da palavra papeata.Minha mãe usava muito esta palavra. Fazer papeata .Quando queria dizer que uma pessoa fez uma cena.Minhs tias , mineirinhas de Santana do Garambel(distrito de Lima Duarte,MG) , falavam quentar ao invés de esquentar.Usavam muito a palavra trem no lugar de coisa.Minha mãe já não costumava dizer estas palavras.Acho que por influência de meu pai, carioca de São Cristóvão.Dessa união nasceram alguns papa-goiabas e outros tantos paulistas do Vale do Paraíba.Papa-goiaba para quem não sabe é quem nasce no interior do Rio de Janeiro.Éo mesmo que fluminense.

Falando em palavras, tem um senhor aqui que usa a expressão derrota. Disse que um homem lá na terra dele, no Ceará falou que ele ia morrer de derrota.Ele me disse que isto quer dizer que ele não ia morrer de morte natural.Outro dia na tv ouvi esta palavra de novo mas não no sentido que comumente usamos. Como antônimo de vitória. Estava mais para o sentido que o senhor cearense usava.Interessante.Ouvimos uma expressão pela primeira vez e logo a seguir a ouvimos mais vezes.É uma sensação engraçada. Acho que aquela palavra passa a fazer parte do nosso universo linguístico.Antes ela estava aí mas não estava na nossa mente.
Uma vez, fui motivo de riso porque usei a palavra inzonar.Minha mãe a usava para dizer que a pessoa estava enrolando, demorando para fazer alguma coisa. Biboca é outra palavra que nunca mais ouvi.Biboca é um lugar muito ruim de se chegar a ele ou muito ruim de se ficar nele. Também havia uma expressão usada na minha infância que hoje não ouço mais.Fulano é um pagode.No sentido de engraçado..
Bom, e tem as palavras que denunciam nossa idade. Chamar uma joven de broto por exemplo.Parece que está voltando. Dizer que um homem é um pão.Fazer o gesto de que vai telefonar fazendo um sinal de discar em volta da orelha.
E alguém sabe o que é no cinema sentar-se no pullman? Pois é ,tinha dessa quando eu era criança e até mesmo durante a minha adolescência .Havia uma parte do cinema que tinha este nome.Ficava no pavimento superior.Seria uma camarote com várias poltronas.O ingresso era mais caro para estes lugares. Geralmente os casaizinhos de namorados iam para lá para ficarem mais à vontade.É,meus amigos, os tempos eram outros! Mas só os tempos.As pessoas continuam as mesmas.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Biri- conhecem esta flor?










Ainda sobre as eulálias.Na verdade é um capim, chamado capim-zebra, capim pisca -pisca, capim roxo.Não tem nada a ver com o capim rabo de raposa. Procurem na internet pelo nome científico miscanthus sinensis.




Quando eu era criança, na Praça da Matriz, em Caçapava-SP, havia uma flor no jardim que me chamava a atenção.Havia na cor vermelha e amarela.Mais tarde fiquei sabendo que se chamava piri, mas pesquisando descobri que é biri.




Piri é uma pimenta (malagueta pequena) .Também chamada piri-piri.



A flor biri é chamada bananeira de jardim e é de origem indiana. Não confundir com biri-biri, fruta da família da carambola .




Vou postar fotos do biri e tenho certeza vocês vão perceber que já a conhecem.




Amanhã ,pretendo falar sobre o ugali e o matoke, pratos da comida típica africana.

domingo, 19 de setembro de 2010

Livros.Plantas e comidas.Eulálias .Ugali.Matoke






Quando estou lendo um livro ,em meio à história ,me chamam a atenção os nomes de plantas e de comidas que aparecem.No livro do Camus "O Estrangeiro" ele cita uma árvore ,a tamariz, na verdade parece que é uma palmeira.




Eu me lembro que no livro "Catadores de Conchas," havia referência a muitas plantas. Ficava na maior curiosidade, queria saber como eram.Só que quando li este livro não havia internet ainda.




Acabei de ler um livro chamado "Assando Bolos em Kigali," que a minha amiga Leila,lá de Joaqim Egidio me emprestou.É sobre Ruanda.Um livro fácil de ler, um tanto didático. Mas vale a pena para a gente ter uma certa ideia de como é aquele país hoje. A gente pensa que África é só savana e bichos .E tribos... Parece que a autora está falando de um lugar muito parecido com o nosso.No livro ela fala de uma comida chamada ugali e de outra chamada matoke. Estou pesquisando e quando souber alguma coisa interessante coloco aqui.




Mas neste livro ela cita uma planta -eulálias.Não achei na internet nada procurando só com esta palavra.Fui ao bom e velho dicionário e achei o nome científico.Daí achei na internet.O nome científico é miscanthus sinensis. Achei as fotos que vou postar aqui para vocês verem. Em algumas fotos lembra o nosso capim gordura. Em outras, um capim que dá um pendão que lembra um rabo de raposa.Mas as eulálias são também chamadas variegatas. É um capim.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Voltei...em meio a tantas queimadas!

Águas da Prata passou quase todo o mês de agosto em meio a queimadas.E em setembro continua. Os morros estão todos queimados.Deve ter gente contente com isto, porque queimadas todo dia não podem ser acidentais.Nossa herança indígena deve estar batendo palmas de alegria.
E nossa consciência ecológica chorando de tristeza.
Nunca as chuvas foram aguardadas com tanta ansiedade.
Tive meus problemas neste meio tempo com o speedy.Felizmente a coisa se resolveu. Só hoje.
A Telefonica navega na impunidade.Dizem que é por causa da privatização.Mas, pensando bem, em 8 anos, se o governo Lula quisesse realmente melhorar a situação neste assunto, poderia tê-lo feito. Por falta de oportunidade não foi.Usando uma frase que ele usava muito nos seus tempos de candidato, faltou vontade política.
Nas edições anteriores falava dos ipês cor de rosa.Vieram os amarelos. Agora os brancos. Os roxos também.Lindos!Indo para Poços de Caldas, dá para ver da estrada os morros queimados e um pé de ipê amarelo teimoso lá no meio daquela vastidão negra.
Rubem Alves cita num de seus escritos uma frase de Nietzsche. Se me lembro bem é mais ou menos assim: - há momentos em que os homens buscam sinais no céu e é preciso ter fé na fé.
Acho que estamos vivendo um momento destes. Ou então já estou ficando velhinha e me esquecendo de muita coisa . Inclusive de muitas safadezas, de muita hipocrisia, de muitos descalabros que vi antes nesta minha vida. É, deve ser isto. Canalhice sempre existiu. A gente é que acha que está vendo pela primeira vez. Não me perguntem porque estou dizendo isto.Quem tem coração sincero e olhos abertos vai me entender.
Gostaria muito de retomar meu blog de forma bem otimista. Mas não deu. Melhor continuar admirando os ipês brancos,esplendorosos, porque a Natureza não está nem aí para a sorte dos Homens.Ela continua o seu mister, indiferente e ao mesmo tempo companheira. Me lembrei agora de um poema da Cecilia Meireles em que ela diz- "Sede assim- qualquer coisa, isenta,fiel. E termina o poema com esta frase: - "Não como o resto dos homens!" (Não me recordo se ela escreveu com h maiúsculo.) O poema se chama Sugestão.
A poesia me salva! A musica também!