segunda-feira, 7 de março de 2011

Barcos de Papel


Quando criança, li pela primeira vez um soneto que falava dos barquinhos de papel.Volta e meia este soneto me vem à mente, mas só recordava que falava dos barquinhos de papel e tinha a palavra sarjeta.Do autor , então, não tinha a menor ideia.O menor palpite.

Mas resolvi me valer da internet.E coloquei lá só a frase barquinhos de papel e fui procurando... cheguei a pensar que fosse de um tal Bernardo Guimarães.Mas eis que de repente na telinha do meu micro aparece o soneto inteiro.E sabem de quem ? Guilherme de Almeida!.Isto mesmo.Paulista, da cidade de Campinas, fez também um soneto dedicado aos valorosos paulistas que lutaram na Revolução Constitucionalista de 32.



Mas o soneto sobre os barquinhos de papel (na verdade, Barcos de Papel) vem muito a calhar com estes dias chuvosos que está pegando toda a nossa região.Não sei se em algum lugar do Brasil está fazendo sol,mas em São Paulo e sul de Minas está chovendo há dias....


Deixo aqui para doces recordações o soneto Barcos de Papel

Em tempo: soneto é a poesia composta de 2 quartetos e 2 tercetos ou seja , 2 estrofes com 4 versos e duas estrofes com 3 versos, totalizando 14 versos.

Assim sendo, nem toda poesia é um soneto.
Barcos de Papel

Quando a chuva cessava, e um vento fino
franzia a tarde tímida e lavada,
eu saía a brincar pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia de papel,toda uma armada
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço e hoje sei, pensando neles,
que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, são como aqueles...

Perfeitamente, exatamente iguais...
- Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!...

Guilherme de Almeida

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