quarta-feira, 7 de abril de 2010

De fogão e otras cositas más

Ontem postei aqui um artigo que fiz em 2009 sobre a passagem de Plutão pelo sígno de Capricórnio.Assunto pesado. Hoje quero falar de levezas.Por exemplo, aprendi neste ano que na hora de despejar a massa de bolo ou pudim na forma devemos fazê-lo pelo meio, bem em cima daquela espécie de funil (estou falando de formas com uma parte de alumínio no meio) Segundo me ensinou a faxineira aqui de casa, isto evita que a massa fique mais alta de um lado do que de outro. Sei não. Este negócio de massa mais alta de um lado que de outro tem a ver com o fermento, se foi bem misturado, tem a ver com a grade do forno. Este fogão da DAKO que comprei ano passado tem uma grelha muito frágil. E ela tomba facilmente pra frente ou pra trás. Por falar em fogão, estou com saudades de um quatro bocas que eu tinha, marca bem vagabundinha, mas olhem, era fácil de limpar, o forno sendo pequeno esquentava logo. O fogão de 5 bocas que tenho agora leva tempo para esquentar bem, então gasta muito gás. E ainda por cima, basta você fazer qualquer farofinha e o danado fica com a parte de cima toda engordurada. Meu conselho portanto é: se sua família é pequena e você não está a fim de ficar limpando fogão a toda hora, fique com o de 4 bocas. Preferível comprar um bom forno elétrico para preparar os assados. É bem verdade que não sei se os assados ficam tão bons quanto no fogão a gás. Mas pão de queijo com certeza fica ótimo no forno elétrico. Lembro do pão de queijo de minha tia Luiza. Tenho a receita dela ainda. Leva coalhada na massa e além do polvilho, uma certa quantidade de farinha de milho preparada com leite, sal e óleo ( a da minha tia era com banha de porco mesmo). Esse preparado de farinha de milho fica como um angu e é adicionado à massa de polvilho.Esta receita leva apenas dois ovos para meio quilo de polvilho azedo. Eu uso a marca Amafil, que aqui na região de Minas é fácil de achar. Em Campinas, sei que no Mercado Municipal tem.
Mas cozinha é um negócio interessante. Nada melhor para aplacar o nosso orgulho. Às vezes você segue a receita direitinho e o final não é o que você esperava. Então você tem a oportunidade de exercitar a humildade. E constatar que nem sempre tudo sai como você queria. Cozinha é um lugar de aprendizado da vida.
Agora, aquele negócio de despejar a massa por cima da parte central da forma, eu convido vocês a fazerem. Não custa nada e está sendo passada pela voz da experiência. Aliás, uma senhora de 77 anos me afirmou que o conselho dado pela minha faxineira é acertado.
Por falar em cozinha, faz tempo que quero experimentar o tal do jambu.É uma verdura usada na região do Amazonas para fazer o pato no tucupi. Pedi à minha amiga Eurenice para me trazer uma mudinha quando vier pra cá. Vamos ver se a mudinha aguenta firme toda a viagem.
Aqui em Águas da Prata, finalmente conheci o mangarito. Ganhei umas batatinhas e fiz um purê com elas. Parecem um inhame só que bem menor. A cor também é mais clarinha. O inhame tem um branco tocado para o cinza, vocês não acham? O mangarito agora virou prato cult.Mas desde o tempo do Brasil colónia era conhecido da população. Depois caiu de moda.
Tem uma outra verdura que consegui ter no meu jardim, que é bem pequeninho. É a ora pro nobis.Uma verdura com folhas gordinhas e que a gente faz com frango caipira acompanhado de angu à mineira. A ora pro nobis é chamada de carne dos pobres e é muito difícil ver as suas flores. Elas dão uma vez por ano e duram parece-me que só um dia. Vou ficar de olho e fotografar para poder colocar aqui e vocês vão poder ver.
Azedinha é outra verdura que tem por estes lados. Ou melhor, tem plantado no quintal do Palace Hotel de Pocinhos do Rio Verde que fica aqui bem perto. A dona do Hotel dá as mudinhas para a gente. Só que não consegui que elas fossem adiante. Dei a uma amiga para ela plantar no quintal dela e não deu certo.Não vingou, como se dizia antigamente.Esta plantinha chamada azedinha fica muito boa em salada. Ela lembra no seu aspecto o almeirão. Mas o sabor nada tem a ver. Não é amargo, é mais ardidinho. Mas não é igual à rúcula.Tem muito mais, mas muito mais resveratrol que o vinho tinto.

Ontem fui ver o filme "Nas Garras do Vício', de Claude Chabrol, o primeiro da série da Nouvelle Vague que está passando este mês no Cine-Clube Beloca, em São João da Boa Vista. Em francês o título é "Le Beau Serge", é um filme em preto e branco e conta a história de um rapaz que depois de se tratar de tuberculose na Suíça, vai visitar o vilarejo onde nasceu e passou a infância. É um filme sobre a culpa. François,o personagem principal, saiu do vilarejo, foi para a cidade grande. Foi o único a não continuar a viver aquela vidinha sem graça do lugar. Os que ficaram, na maioria caíram no vício. Serge, o protagonista que dá nome ao filme no orginal, é um amigo de infância que permaneceu na aldeia. O filme mostra como o bem sucedido pode sentir-se culpado por não ter levado a mesma vida medícre de outros contemporâneos. Culpa por ter se sobressaído. Culpa por não ter-se perdido. É estranho, mas isto acontece. É um sentimento de ter traído os amigos que ficaram pela estrada. Se tiverem paciência, vejam o filme.Vocês vão poder ver até onde o sentimento de culpa pode levar uma pessoa. Segundo a explicação dada antes da projeção do filme, a nouvelle vague caracterizou-se por cenas feitas na rua. Era o cinema a céu aberto em contraposição aos fimes anteriores,rodados em lugares fechados. E por serem filmes de autor. O filme serve de plataforma para expor a ideia do diretor. Como diria o Jô Soares isto é cultura inútil. Mas se esta cultura inútil não serve para acrescentar algo à nossa vida, também não subtrai e ainda por cima ocupa os nossos pensamentos com algo que não faz mal à ninguém.Fiquei pensando agora, mas será que o Jô diria que isto é cultura inútil? Pensando bem acho que não.
Ah, se alguém quiser a receita do pão de queijo da tia Luiza , é só pedir.
Até mais.

2 comentários:

  1. Adorei seu blog!
    Estou pesquisando - sempre faço isto - para ver se descubro algo novo do Rubem Alves e fui linkada.
    Voltarei para ler outros textos, mas no momento o que gostaria é da receita ddo pão de queijo da Tia Luiza.
    Um abraço,
    Alciléa.

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  2. Alciléa, vou colocar a receita o pão de queijo no próximo texto que postar.

    Espero que você veja
    Vi seu comentário hoje ,dia 02 de março de 2011


    Abraços,
    Dalva

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